Entrevistando Ricardo Biazotto.

12:41 Fernanda Bizerra 16 Comments

Olá!

    Leitores a entrevista de hoje é com  Ricardo Biazotto. Ele é dono do blog  OverShock e escritor.

Vamos a entrevista. 


Fê: Como se sente sendo escritor em um país onde muitos não valorizam o que você escreve?

Ricardo: Fernanda, primeiramente gostaria de te agradecer pela oportunidade dessa entrevista. Para mim é um prazer muito grande conversar com você sobre nosso amor em comum: os livros.
Sobre sua pergunta, todos sabem que o artista, de um modo geral, não é valorizado em solo verde-amarelo, então assim como os escritores sentem na pele essa desvalorização, os músicos e os atores de teatro, por exemplo, também passam por isso. Isso significa que logo que decidimos seguir esse caminho já temos consciência de que não será fácil e que será necessária uma luta muito grande.
Claro que isso deixa qualquer artista entristecido por estar fazendo a arte e não recebendo o retorno desejado, mas também dá ainda mais motivos para se entregar de corpo e alma a essa luta. Se isso acontecer, sei que uma hora ou outra o público estará valorizando nosso trabalho e isso é tudo o que desejamos. Então me sinto triste e ao mesmo tempo muito motivado a prosseguir!


Fê: O que pensa sobre a posição das editoras, quanto à publicação da literatura brasileira?

Ricardo: Uma editora nada mais é do que uma empresa, e como qualquer empresa ela precisa ter lucros. Não podemos esquecer isso! Acho que não adianta criticar uma editora por não publicar livros nacionais, por exemplo, quando sabemos que um escritor iniciante não vai dar lucros. Isso é fato! O problema é que muitos escritores concluem uma obra e já querem publicar imediatamente, mas infelizmente não é assim que acontece – nem deveria. Muitos acabam ainda desembolsando o dinheiro próprio para essa publicação (as pessoas precisam esquecer que não terão gastos com uma publicação, com a gravação de um CD, com a produção de uma peça de teatro, etc, etc), quando existem alternativas, como o ProAc (Programa de Ação Cultural) do Estado de São Paulo. Como uma escritora chegou a comentar na última semana, enquanto houver pessoas pagando preços altíssimos para a publicação, a editora irá publicar. Como disse anteriormente, ela visa lucros.

Mas, se não dá para comentar sobre a falta de publicação nacional, é preciso dizer que algumas editoras não tomam o cuidado necessário com obras nacionais, principalmente na parte de revisão, por exemplo. Acaba que o leitor diz “A obra parece interessante, mas não vou ler por ser dessa editora”. E quem acaba manchado é o próprio escritor, porque um único livro não fará diferença quando existem inúmeros títulos vendendo.
Acho sim que existem editoras fazendo um ótimo trabalho em relação ao livro nacional. O escritor precisa apenas ter paciência e escolher com calma. Se isso não acontecer, a editora continuará ganhando muito dinheiro com livros internacionais e os nossos escritores continuarão sem o espaço merecido. Espaço esse que tenho certeza que está melhorando com o passar do tempo. Felizmente!

Fê: Quando surgiu seu interesse em ler e escrever?

Ricardo: Assim como muitos escritores, meu interesse começou ainda na infância. Lembro que na época me encantava com os gibis e até os levava para todos os cantos. Mais tarde comecei a escrever sobre a história do meu time do coração, Palmeiras, e a montar pequenos “livros”, sem qualquer pretensão. Queria apenas demonstrar meu amor por essa Academia de Futebol!
Apesar disso, por muito tempo fiquei longe dos livros. Achava, e ainda acho totalmente desnecessária a leitura obrigatória das escolas, e aquilo acabou me afastando (não repita isso em casa, crianças rs’). Até tentava a leitura de alguns livros, e quando fazia gostava disso, porém foi apenas em 2009, com “Anjos e Demônios”, do gênio Dan Brown, que esse interesse voltou. De lá pra cá não parei mais! Se hoje escrevo e tenho o hábito da leitura é graças a Brown e Langdon!

Fê: O que te atrai nos romances policiais?

Ricardo: O mistério, a investigação, as mortes. As histórias policiais envolvem o leitor de um modo indescritível, por isso possuem um charme tão grande. Claro que outros gêneros literários também conseguem isso, mas apenas o policial faz o leitor permanecer o tempo todo imaginando como aconteceu, o porquê aconteceu e o que ainda vai acontecer. Cada página é uma nova surpresa e isso faz toda a diferença!

Fê: O que você faz para mudar a realidade do brasileiro, quanto ao preconceito com a nossa literatura?

Ricardo: É difícil fazer algo válido, até porque é o tipo de coisa que só a união resultará em melhorias, afinal, a união faz a força. Mas acho que contribuo na quebra desse preconceito com o trabalho que faço no blog Over Shock, divulgando autores nacionais, lendo autores nacionais, homenageando autores nacionais. Felizmente sinto que isso está aumentando cada dia mais e pessoas como você, Fernanda, que também fazem esse trabalho, merecem ser valorizadas! Precisamos de mais blogueiros e leitores como vocês.
Além disso, busco sempre levar a literatura nacional para todos, principalmente para aqueles que ainda sentem preconceito, não têm o hábito da leitura ou que, por algum motivo, não estão atentos ao que de melhor temos. Não é fácil, mas se conseguir quebrar esse preconceito de apenas uma pessoa já ficarei feliz. A próxima pessoa virá com o tempo. 

Fê: O que espera que o leitor sinta ao ler o que você escreve?

Ricardo: Emoção! Acredito que todos os meus textos até então possuem alguma passagem que será capaz de emocionar o leitor, até mesmo minhas histórias mais tensas e aquelas mais bobas. Gosto de me emocionar com um livro, por isso espero conseguir fazer o mesmo com os meus leitores. Se conseguir emocioná-los, sei que em breve também terão outros sentimentos, tão importantes quanto esse.

Fê: Fale-nos um pouco sobre você...

Ricardo: Como sempre, essa é uma pergunta muito difícil, mas vou evitar o clichê.
Sou de Espírito Santo do Pinhal, cidade do interior paulista e terra de Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra (responsável pelo Cristo Redentor do Rio de Janeiro) e Edgard Cavalheiro (biógrafo de Monteiro Lobato). Membro da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, publiquei em sete antologias, incluindo as mais recentes “Amores Impossíveis” (Alcantis Editora), “Sonhos (& Pesadelos)” (APED Editora) e “Amores (Im)possíveis” (Andross Editora). Escrevi o romance “Os Irmãos Fracalossi”, ainda não publicado, a série “William, seu dinheiro e...”, publicado em meu blog literário, o conto “Um Crime pela Vida”, disponibilizado na Amazon, e do roteiro do documentário “Edgard Cavalheiro – Vida e Obra”.
Palmeirense fanático, do tipo que destrói o cômodo em dia de jogos, não tenho muita paciência, além de ser viciado em séries e livros. Apesar de muito complicado, no fundo sou um romântico de plantão – e que ainda assim mata todos os personagens (rs).

Fê: O que te encanta?

Ricardo: Poderia escolher várias coisas, mas prefiro dizer que a união de palavras me encanta. Essa união é capaz de contar uma história, transmitir emoção, criar poesia ou simplesmente tocar um coração. Poucas coisas são tão encantadoras como isso!

Fê: O que deseja da vida?

Ricardo: Viver com a escrita e a cultura, de um modo geral. Atualmente não me vejo fazendo qualquer outra coisa, então espero conseguir conquistar o meu espaço para viver daquilo que gosto de fazer. Também desejo encontrar a minha Ana Paula (para quem sabe, Ana Paula é a esposa do detetive, Francesco Fracalossi, protagonistas de muitas das minhas histórias), construir uma família ao lado dela e finalmente viver “no lugar onde quero estar”. E desejo, principalmente, que a literatura nacional seja valorizada por leitores, editoras e principalmente pelo nosso governo, que se é péssimo, em todos os sentidos, se deve principalmente ao fato de não valorizar a Cultura (não me refiro a desfile de moda em Paris, senhora Marta Suplicy, ainda que moda também seja Cultura!).

Fê: Deixe uma mensagem para os leitores.

Ricardo: Novamente te agradeço por essa oportunidade, Fernanda. É sempre bom falar sobre livros, seja em um papo entre amigos, uma entrevista ou simplesmente um texto. Muito obrigado mesmo!


Para os leitores, a mensagem que deixo é a seguinte: “Leia, leia, leia e leia”. Certa vez, em maio, a reunião da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro” aconteceu na casa do Prof. Agostinho Ferreira, antigo membro da instituição. Ao entrevistá-lo, fiz essa mesma pergunta para ele e a resposta veio com a repetição dessa palavra. Três dias depois, Prof. Agostinho faleceu. Esse foi o último registro, a última visita, as últimas palavras. Com mais de oitenta anos de vida, Agostinho queria deixar apenas uma mensagem: que todos fizessem aquilo que lhe acompanhou durante a vida. E essa mensagem será eterna, assim como esse conselho será sempre valorizado!

Ricardo, obrigado pela entrevista.

Beijos da Fê :*

16 comentários:

  1. eu gosto do blog over shock :) confesso q não sabia q ele era escritor.
    sabe tenho uma opinião sobre literatura brasileira:
    cara sendo bem sincera literatura brasileira não é ruim, mas o povo hj em dia fica tanto falando de preconceito e mimimi que é um saco.
    tipo se eu achei ruim não interessa se é brasileiro ou não, mas se for brasileiro o povo fala q é preconceito da nossa parte e que deveríamos apoiar os autores brasileiros e tals. acho preconceito da parte das pessoas a gente não poder ter opinião própria em relação a não gostar de livros brasileiros.
    acho valido divulgação, mas tem gente q exagera e quer te obrigar a gostar de livros brasileiros q são ruins!

    ResponderExcluir
  2. Adoro o Over Shock, sempre o visito, mas shame on me, não sabia que o Ricardo era escritor! Que lindo conhecer mais sobre ele. Agora consigo dar um rostinho para o blog rs
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

    ResponderExcluir
  3. Oi!Gostaria de convidá-lo a conhecer meu novo endereço:

    www.feitaparailetrados.blogspot.com

    Ainda estou arrumando a casa, mas já pode se abrigar por lá!
    Obrigada pelo carinho enquanto estivemos juntos no leiakarine.blogspot.com
    Tô te esperando...

    ResponderExcluir
  4. Ótima entrevista. O Ricardo pontuou muito bem vários aspectos envolvendo a nossa literatura e mostrando mais uma vez ser uma pessoa centrada e um bom profissional. Eu sou parceira do blog Over shock e pude comprovar o excelente trabalho que ele vem fazendo, não somente com a valorização da literatura nacional, mas também conscientizando as pessoas sobre a importância que a leitura ( e outra formas de artes) tem em nossas vidas.E o fato de ser palmeirense o torna uma pessoa bem melhor. rsrsrs

    ResponderExcluir
  5. Muito boa a entrevista! Já tinha entrado nesse blog e não tinha me ligado que ele era feito por um escritor :-)
    Gostei de ver os quadrinhos como incentivadores de leitura aqui. Também comecei com eles na infância. Espero ler o livro em breve!

    ResponderExcluir
  6. Não conhecia o trabalho dele, mas adorei a entrevista. A realidade dos autores nacionais é mesmo muito triste. Em toda a entrevista que temos com um autor esse ponto é sempre frisado.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

    ResponderExcluir
  7. Olá!
    Adorei a entrevista!
    Não conhecia o autor, mas gostei muito de seu trabalho, e espero ler o livro logo!
    Beijos,
    Ana M.
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  8. Aaaaaaaaaaaaaah Acho tão legal ver novos autores com essa consciência sobre a sua arte!
    Foi muito bom conhecê-lo. Espero ter a oportunidade de lê-lo em breve. :)

    Um beijo,

    http://www.algumasobservacoes.com/

    ResponderExcluir
  9. Gente adorei demais a entrevista com ele! Não conhecia esse livro mas já me apaixonei pela sinopse vou buscar conhecer mais sobre ele ^^
    Beijinhoss
    4 You Books

    ResponderExcluir
  10. Também não conhecia o autor, foi bom saber mais. E amei a parte do ler, ler, ler.

    ResponderExcluir
  11. Não conhecia o autor, mas amei a entrevista!
    Super autêntico ele!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

    ResponderExcluir
  12. É muito bom ver escritores nacionais ganhando seu espaço... Dá até um gás para quem também sonha em ser publicado.

    Beijos, Luu
    http://degradeinvisivel.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  13. Fernanda, foi um prazer muito grande participar dessa entrevista para o seu blog e ter a oportunidade de falar sobre coisas tão especiais. Além disso, receber tantos comentários tão simpáticos também me deixou muito feliz, por isso quero te agradecer por conceder um espaço do seu blog para o meu trabalho e agradecer também todos os leitores que reservaram um tempo para a leitura da entrevista.
    Pode sempre contar comigo e aproveito para parabenizá-la por seu empenho em apoiar a literatura. Serei sempre grato.

    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ficou feliz que tenha gostado de participar, espero fazer isso muitas outras vezes com você sendo já um escritor consagrado. rs ai ser.

      Sempre que precisar pode contar com minha ajuda.

      Beijos

      Excluir
  14. Olá, flor! Finalmente consegui um tempo para vir até aqui e retribuir suas amáveis visitas ao meu blog. Obrigada!

    Adorei esse post! Eu tive a alegria de conhecer o Ricardo como autor quando ambos fomos selecionados para participar de duas antologias, resultantes de concursos literários. Conheço a escrita dele e a admiro bastante. Não li ainda seu conto policial, mas já o tenho pela Amazon (rs). Quero conhecer essa perspectiva dele, pois só conheci sua veia romântica. *3*
    Ele tem um jeito de narrar que nos aproxima dos seus personagens. Desejo muito sucesso a ele! Com certeza, é merecido. Eu gostei da entrevista. Não poderia esperar menos dele e de você, com suas perguntas perspicazes. Eu concordo com o que ele falou sobre a valorização da literatura nacional não depender somente dos leitores, mas também das editoras que precisam estar mais atentas à qualidade das revisões e à acessibilidade financeira aos autores novos.
    Enfim, parabéns pela entrevista. Adorei!

    www.myqueenside.blogspot.com

    ResponderExcluir
  15. Muito boa essa entrevista!
    Não o conhecia, e achei uma maximo.
    beijos, modaeeu.blogspot.com

    ResponderExcluir