Resenha: A Forma da Água por Guillermo Del Toro
Olá Catarina´s (os)! Olha que o primeiro
semestre do curso de Letras foi super proveitoso. A professora Vera Lúcia é uma grande apreciadora da
literatura, por isso, tenho tanto para dividir com vocês!
Eliza é muda e parece
muito reservada, porém é uma moça além de sua época. Ela é ousada quando dá
prazer para si, e nestas cenas, percebemos que Guillermo faz referência ao
poder feminino, ou seja, que tem tanta liberdade quanto o sexo oposto.
Justamente por possuir tamanha ousadia, ela começa a construir uma relação com
o monstro da água e como ambos não falam a personagem usa de vários mecanismos
para uma aproximação, seja ela com música ou mesmo com o barulho que faz com os
ovos cozidos.
O cenário é de ficção
cientifica, no entanto vai além, afinal temos aqui um conto de fadas, uma
história de amor entre dois seres diferentes, contudo tão iguais, como a
própria Eliza cita em determinado ponto do filme que o mostro é mais parecido
com ela do que qualquer humano. Ambos não falam, não têm família e são
hostilizados pelos outros, são vistos como aberrações da natureza e por essas
questões a relação entre eles cresce diariamente até o ponto de ela tramar um
salvamento.
Contudo, vendo o enredo de forma crítica, encontramos os elementos de clássicos já consagrados há muito na história cinematográfica. Essencialmente, percebemos durante as cenas traços de filmes como A Bela e Fera (1740) de Gabrielle-Suzanne Babot.
Guillermo também se
inspira na obra de 1954 O Monstro da Lagoa Negra de Jack Arnold, porém a
mocinha não fica com seu monstro e o autor quer mostrar com sua referência que
tudo é possível quando se trata de uma fábula. Já para percebemos essas referências, precisamos
conhecer de perto a história de A Bela e Fera (1740) e O Monstro da Lagoa Negra
(1954), pois o cineasta faz uma combinação harmoniosa entre ambas as obras, o
que nos trouxe um grande debate para a aceitação do diferente.
Como já citado o
cineasta usa de sua obra e também do cinema para trazer não apenas um romance e
uma fábula, mas algo bem além, pois se observarmos atentamente, o filme é cheio
de críticas ao meio social em que vivemos e também as atitudes para com o
próximo.
Além das questões
citadas a cima, o filme é uma analogia ao mundo xenofóbico em que vivemos, não
somente atualmente, sendo que antigamente já existiam essas mesmas questões. E
não vemos relação apenas ao preconceito contra as pessoas e culturas distintas,
mas também a paranoia anticomunista. Entretanto, o foco do cineasta não é no teor
da guerra e sim no amor entre seres diferentes o que já vem carregado de
especulações e um nível alto de rejeição por parte de pessoas
preconceituosas.
A Forma da Água pede ao público
que veja o monstro anfíbio como muito mais do que aquilo que os vilões do filme
estão convencidos que ele seja. Especialmente através das interações com Elisa
é possível conhecer e compreender as várias facetas da criatura, ambos trazendo
luz para a vida um do outro.
Mas ao mesmo tempo em
que o filme nos convida a entrar na complexidade do monstro, ele nos afasta do
entendimento das ações dos vilões, simplificando demais estes. Isso é
especialmente crítico com o personagem Richard Strickland (Michael
Shannon) que parece nada mais ser que um sádico ambicioso, com uma brevíssima
exploração das suas motivações e sem dimensão emocional que o
torne mais que um simples vilão.
A leitura crítica nos
faz perceber o filme A Forma da Água com um olhar diferente e assim
conseguirmos compreender as nuances críticas e de homenagens que Guillermo Del
Toro apresentou ao longo de sua obra.
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Beijos Fê :*
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