Entrevistando Ricardo Biazotto.
Olá!
Leitores a entrevista de hoje é com Ricardo Biazotto. Ele é dono do blog OverShock e escritor.
Fê: Como se sente sendo escritor em um país onde muitos não
valorizam o que você escreve?
Ricardo: Fernanda, primeiramente gostaria
de te agradecer pela oportunidade dessa entrevista. Para mim é um prazer muito
grande conversar com você sobre nosso amor em comum: os livros.
Sobre sua pergunta,
todos sabem que o artista, de um modo geral, não é valorizado em solo
verde-amarelo, então assim como os escritores sentem na pele essa
desvalorização, os músicos e os atores de teatro, por exemplo, também passam
por isso. Isso significa que logo que decidimos seguir esse caminho já temos
consciência de que não será fácil e que será necessária uma luta muito grande.
Claro que isso deixa
qualquer artista entristecido por estar fazendo a arte e não recebendo o
retorno desejado, mas também dá ainda mais motivos para se entregar de corpo e
alma a essa luta. Se isso acontecer, sei que uma hora ou outra o público estará
valorizando nosso trabalho e isso é tudo o que desejamos. Então me sinto triste
e ao mesmo tempo muito motivado a prosseguir!
Fê: O que pensa sobre a posição das editoras, quanto à publicação
da literatura brasileira?
Ricardo: Uma editora nada mais é do que uma
empresa, e como qualquer empresa ela precisa ter lucros. Não podemos esquecer
isso! Acho que não adianta criticar uma editora por não publicar livros
nacionais, por exemplo, quando sabemos que um escritor iniciante não vai dar
lucros. Isso é fato! O problema é que muitos escritores concluem uma obra e já
querem publicar imediatamente, mas infelizmente não é assim que acontece – nem
deveria. Muitos acabam ainda desembolsando o dinheiro próprio para essa
publicação (as pessoas precisam esquecer que não terão gastos com uma
publicação, com a gravação de um CD, com a produção de uma peça de teatro, etc,
etc), quando existem alternativas, como o ProAc (Programa de Ação Cultural) do
Estado de São Paulo. Como uma escritora chegou a comentar na última semana,
enquanto houver pessoas pagando preços altíssimos para a publicação, a editora
irá publicar. Como disse anteriormente, ela visa lucros.
Mas, se não dá para
comentar sobre a falta de publicação nacional, é preciso dizer que algumas
editoras não tomam o cuidado necessário com obras nacionais, principalmente na
parte de revisão, por exemplo. Acaba que o leitor diz “A obra parece
interessante, mas não vou ler por ser dessa editora”. E quem acaba manchado é o
próprio escritor, porque um único livro não fará diferença quando existem
inúmeros títulos vendendo.
Acho sim que existem
editoras fazendo um ótimo trabalho em relação ao livro nacional. O escritor
precisa apenas ter paciência e escolher com calma. Se isso não acontecer, a
editora continuará ganhando muito dinheiro com livros internacionais e os
nossos escritores continuarão sem o espaço merecido. Espaço esse que tenho
certeza que está melhorando com o passar do tempo. Felizmente!
Fê: Quando surgiu seu interesse em ler e escrever?
Ricardo: Assim como muitos escritores, meu
interesse começou ainda na infância. Lembro que na época me encantava com os
gibis e até os levava para todos os cantos. Mais tarde comecei a escrever sobre
a história do meu time do coração, Palmeiras, e a montar pequenos “livros”, sem
qualquer pretensão. Queria apenas demonstrar meu amor por essa Academia de
Futebol!
Apesar disso, por muito
tempo fiquei longe dos livros. Achava, e ainda acho totalmente desnecessária a
leitura obrigatória das escolas, e aquilo acabou me afastando (não repita isso
em casa, crianças rs’). Até tentava a leitura de alguns livros, e quando fazia
gostava disso, porém foi apenas em 2009, com “Anjos e Demônios”, do gênio Dan
Brown, que esse interesse voltou. De lá pra cá não parei mais! Se hoje escrevo
e tenho o hábito da leitura é graças a Brown e Langdon!
Fê: O que te atrai nos romances policiais?
Ricardo: O mistério, a investigação, as
mortes. As histórias policiais envolvem o leitor de um modo indescritível, por
isso possuem um charme tão grande. Claro que outros gêneros literários também conseguem
isso, mas apenas o policial faz o leitor permanecer o tempo todo imaginando
como aconteceu, o porquê aconteceu e o que ainda vai acontecer. Cada página é
uma nova surpresa e isso faz toda a diferença!
Fê: O que você faz para mudar a realidade do brasileiro, quanto
ao preconceito com a nossa literatura?
Ricardo: É difícil fazer algo válido, até
porque é o tipo de coisa que só a união resultará em melhorias, afinal, a união
faz a força. Mas acho que contribuo na quebra desse preconceito com o trabalho
que faço no blog Over Shock, divulgando autores nacionais, lendo autores
nacionais, homenageando autores nacionais. Felizmente sinto que isso está
aumentando cada dia mais e pessoas como você, Fernanda, que também fazem esse
trabalho, merecem ser valorizadas! Precisamos de mais blogueiros e leitores
como vocês.
Além disso, busco
sempre levar a literatura nacional para todos, principalmente para aqueles que
ainda sentem preconceito, não têm o hábito da leitura ou que, por algum motivo,
não estão atentos ao que de melhor temos. Não é fácil, mas se conseguir quebrar
esse preconceito de apenas uma pessoa já ficarei feliz. A próxima pessoa virá
com o tempo.
Fê: O que espera que o leitor sinta ao ler o que você escreve?
Ricardo: Emoção! Acredito que todos os meus
textos até então possuem alguma passagem que será capaz de emocionar o leitor,
até mesmo minhas histórias mais tensas e aquelas mais bobas. Gosto de me
emocionar com um livro, por isso espero conseguir fazer o mesmo com os meus
leitores. Se conseguir emocioná-los, sei que em breve também terão outros
sentimentos, tão importantes quanto esse.
Fê: Fale-nos um pouco sobre você...
Ricardo: Como sempre, essa é uma pergunta
muito difícil, mas vou evitar o clichê.
Sou de Espírito Santo
do Pinhal, cidade do interior paulista e terra de Dom Sebastião Leme da
Silveira Cintra (responsável pelo Cristo Redentor do Rio de Janeiro) e Edgard
Cavalheiro (biógrafo de Monteiro Lobato). Membro da Casa do Escritor Pinhalense
“Edgard Cavalheiro”, publiquei em sete antologias, incluindo as mais recentes
“Amores Impossíveis” (Alcantis Editora), “Sonhos (& Pesadelos)” (APED
Editora) e “Amores (Im)possíveis” (Andross Editora). Escrevi o romance “Os
Irmãos Fracalossi”, ainda não publicado, a série “William, seu dinheiro e...”,
publicado em meu blog literário, o conto “Um Crime pela Vida”, disponibilizado
na Amazon, e do roteiro do documentário “Edgard Cavalheiro – Vida e Obra”.
Palmeirense fanático, do tipo que destrói o cômodo em dia de
jogos, não tenho muita paciência, além de ser viciado em séries e livros.
Apesar de muito complicado, no fundo sou um romântico de plantão – e que ainda
assim mata todos os personagens (rs).
Ricardo: Poderia escolher várias coisas,
mas prefiro dizer que a união de palavras me encanta. Essa união é capaz de
contar uma história, transmitir emoção, criar poesia ou simplesmente tocar um
coração. Poucas coisas são tão encantadoras como isso!
Fê: O que deseja da vida?
Ricardo: Viver com a escrita e a cultura,
de um modo geral. Atualmente não me vejo fazendo qualquer outra coisa, então
espero conseguir conquistar o meu espaço para viver daquilo que gosto de fazer.
Também desejo encontrar a minha Ana Paula (para quem sabe, Ana Paula é a esposa
do detetive, Francesco Fracalossi, protagonistas de muitas das minhas
histórias), construir uma família ao lado dela e finalmente viver “no lugar
onde quero estar”. E desejo, principalmente, que a literatura nacional seja
valorizada por leitores, editoras e principalmente pelo nosso governo, que se é
péssimo, em todos os sentidos, se deve principalmente ao fato de não valorizar
a Cultura (não me refiro a desfile de moda em Paris, senhora Marta Suplicy,
ainda que moda também seja Cultura!).
Fê: Deixe uma mensagem para os leitores.
Ricardo: Novamente te agradeço por essa
oportunidade, Fernanda. É sempre bom falar sobre livros, seja em um papo entre
amigos, uma entrevista ou simplesmente um texto. Muito obrigado mesmo!
Para os leitores, a
mensagem que deixo é a seguinte: “Leia, leia, leia e leia”. Certa vez, em maio,
a reunião da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro” aconteceu na casa
do Prof. Agostinho Ferreira, antigo membro da
instituição. Ao entrevistá-lo, fiz essa mesma pergunta para ele e a resposta
veio com a repetição dessa palavra. Três dias depois, Prof. Agostinho faleceu.
Esse foi o último registro, a última visita, as últimas palavras. Com mais de
oitenta anos de vida, Agostinho queria deixar apenas uma mensagem: que todos
fizessem aquilo que lhe acompanhou durante a vida. E essa mensagem será eterna,
assim como esse conselho será sempre valorizado!
Ricardo, obrigado pela entrevista.
Ricardo, obrigado pela entrevista.
Beijos da Fê :*
eu gosto do blog over shock :) confesso q não sabia q ele era escritor.
ResponderExcluirsabe tenho uma opinião sobre literatura brasileira:
cara sendo bem sincera literatura brasileira não é ruim, mas o povo hj em dia fica tanto falando de preconceito e mimimi que é um saco.
tipo se eu achei ruim não interessa se é brasileiro ou não, mas se for brasileiro o povo fala q é preconceito da nossa parte e que deveríamos apoiar os autores brasileiros e tals. acho preconceito da parte das pessoas a gente não poder ter opinião própria em relação a não gostar de livros brasileiros.
acho valido divulgação, mas tem gente q exagera e quer te obrigar a gostar de livros brasileiros q são ruins!
Adoro o Over Shock, sempre o visito, mas shame on me, não sabia que o Ricardo era escritor! Que lindo conhecer mais sobre ele. Agora consigo dar um rostinho para o blog rs
ResponderExcluirBeijos
Meu Meio Devaneio
Oi!Gostaria de convidá-lo a conhecer meu novo endereço:
ResponderExcluirwww.feitaparailetrados.blogspot.com
Ainda estou arrumando a casa, mas já pode se abrigar por lá!
Obrigada pelo carinho enquanto estivemos juntos no leiakarine.blogspot.com
Tô te esperando...
Ótima entrevista. O Ricardo pontuou muito bem vários aspectos envolvendo a nossa literatura e mostrando mais uma vez ser uma pessoa centrada e um bom profissional. Eu sou parceira do blog Over shock e pude comprovar o excelente trabalho que ele vem fazendo, não somente com a valorização da literatura nacional, mas também conscientizando as pessoas sobre a importância que a leitura ( e outra formas de artes) tem em nossas vidas.E o fato de ser palmeirense o torna uma pessoa bem melhor. rsrsrs
ResponderExcluirMuito boa a entrevista! Já tinha entrado nesse blog e não tinha me ligado que ele era feito por um escritor :-)
ResponderExcluirGostei de ver os quadrinhos como incentivadores de leitura aqui. Também comecei com eles na infância. Espero ler o livro em breve!
Não conhecia o trabalho dele, mas adorei a entrevista. A realidade dos autores nacionais é mesmo muito triste. Em toda a entrevista que temos com um autor esse ponto é sempre frisado.
ResponderExcluirmemorias-de-leitura.blogspot.com
Olá!
ResponderExcluirAdorei a entrevista!
Não conhecia o autor, mas gostei muito de seu trabalho, e espero ler o livro logo!
Beijos,
Ana M.
http://addictiononbooks.blogspot.com.br/
Aaaaaaaaaaaaaah Acho tão legal ver novos autores com essa consciência sobre a sua arte!
ResponderExcluirFoi muito bom conhecê-lo. Espero ter a oportunidade de lê-lo em breve. :)
Um beijo,
Fê
http://www.algumasobservacoes.com/
Gente adorei demais a entrevista com ele! Não conhecia esse livro mas já me apaixonei pela sinopse vou buscar conhecer mais sobre ele ^^
ResponderExcluirBeijinhoss
4 You Books
Também não conhecia o autor, foi bom saber mais. E amei a parte do ler, ler, ler.
ResponderExcluirNão conhecia o autor, mas amei a entrevista!
ResponderExcluirSuper autêntico ele!
Beijinhos
Rizia - Livroterapias
É muito bom ver escritores nacionais ganhando seu espaço... Dá até um gás para quem também sonha em ser publicado.
ResponderExcluirBeijos, Luu
http://degradeinvisivel.blogspot.com.br
Fernanda, foi um prazer muito grande participar dessa entrevista para o seu blog e ter a oportunidade de falar sobre coisas tão especiais. Além disso, receber tantos comentários tão simpáticos também me deixou muito feliz, por isso quero te agradecer por conceder um espaço do seu blog para o meu trabalho e agradecer também todos os leitores que reservaram um tempo para a leitura da entrevista.
ResponderExcluirPode sempre contar comigo e aproveito para parabenizá-la por seu empenho em apoiar a literatura. Serei sempre grato.
Beijos,
Ricardo - www.overshockblog.com.br
Ficou feliz que tenha gostado de participar, espero fazer isso muitas outras vezes com você sendo já um escritor consagrado. rs ai ser.
ExcluirSempre que precisar pode contar com minha ajuda.
Beijos
Olá, flor! Finalmente consegui um tempo para vir até aqui e retribuir suas amáveis visitas ao meu blog. Obrigada!
ResponderExcluirAdorei esse post! Eu tive a alegria de conhecer o Ricardo como autor quando ambos fomos selecionados para participar de duas antologias, resultantes de concursos literários. Conheço a escrita dele e a admiro bastante. Não li ainda seu conto policial, mas já o tenho pela Amazon (rs). Quero conhecer essa perspectiva dele, pois só conheci sua veia romântica. *3*
Ele tem um jeito de narrar que nos aproxima dos seus personagens. Desejo muito sucesso a ele! Com certeza, é merecido. Eu gostei da entrevista. Não poderia esperar menos dele e de você, com suas perguntas perspicazes. Eu concordo com o que ele falou sobre a valorização da literatura nacional não depender somente dos leitores, mas também das editoras que precisam estar mais atentas à qualidade das revisões e à acessibilidade financeira aos autores novos.
Enfim, parabéns pela entrevista. Adorei!
www.myqueenside.blogspot.com
Muito boa essa entrevista!
ResponderExcluirNão o conhecia, e achei uma maximo.
beijos, modaeeu.blogspot.com