Uma curva e um adeus... Duas datas, dois amores e um silêncio... Por: Ahtange Ferreira

15:32 Fernanda Bizerra 8 Comments

Olá!  

             Meninas (os) o poste de hoje é algo muito pessoal. É parte de um Eu que tento esconder, mas sei que não dá muito certo. A Ahtange fez uma promoção de lançamento de seu livro "Marcas Indeléveis", para participar você teria que enviar algo para o e-mail dela falando sobre algo que marcou a sua vida "O que te marcou?". E no final o que você escreveria a ela seria transformado em um conto, e hoje venho apresentar a vocês a parte mais difícil da minha vida. 



       Era a primeira vez que Rob saíra sozinho para a balada, estava feliz e tudo era contagiante.
Lá pela madrugada, as duas garotas com as quais ele dançara a noite toda, lhe pediram um favor.

                  _ Ei Rob, que tal nos levar em casa? Não fica longe é aqui perto.
_ Hum, não sei está bem tarde devo voltar para casa logo.



_ Por favor, não vai demorar, vai?
Elas imploravam para que ele fosse como era muito educado não se recusou.
_ Tudo bem meninas, vamos.

        Subiu em sua tornado e saiu a 120 km/h. Tudo ia bem até uma das meninas lhe chamar atenção, Rob virou-se na tentativa de ouvi-la, como não conhecia a estrada, nem imaginava que se aproximava de uma curva perigosa.  


           Mel e Rob tinham uma ligação muito forte, se amavam e se compreendiam como ninguém mais, no entanto não se viam acerca de um ano.  Mel, seus pais e dois irmãos, mudaram-se para Goiânia, e Rob estava em Belém. A princípio todos mudariam para lá, como não foi possível, ele decidira ir morar com uns tios por quem ele tinha imenso afeto.

            A saudade era tão grande que chegava a doer e, Mel sabia que Rob sentia igual, além do mais logo se veriam outra vez. Aquela noite sonhara com ele e sua habitual alegria, seu sorriso era contagiante, como sentia sua falta. Acordara com sua lembrança tão viva, sentia como se ele estivesse ao seu lado. E uma saudade a invadiu. 

          Um segundo de distração e a moto se chocou  contra a rocha, ele nem mesmo teve tempo de entender o  que estava acontecendo, tamanha a velocidade que seu corpo se chocava contra aquela parede dura e fria, miseravelmente disposta naquela curva. Nem um arranhão, ou ossos quebrados... Porém a vida o abandonou, o destino arrancara-lhe o brilho dos olhos que se fecharam para sempre, e seu último pensamento foi o rosto moreno, brejeiro de sua querida irmã com seus cabelos cacheados. Um traumatismo craniano o levou embora.



       Mel, não podia suportar tamanha dor, o fato ocorreu no domingo, ela não pode viajar para se despedir de seu amado irmão o que tornava a dor ainda mais insuportável. E como se não bastasse teria que ir a escola na segunda.

          _Ah, devo ir, lá encontrarei minha amiga e não me sentirei tão só. - pensou.
O que Mel não esperava era descobrir naquele momento que Duda, não era tão amiga assim. Ao chegar triste, cabisbaixa, foi de encontro a amiga que perguntou o que houve, ouvindo a resposta simplesmente virou e foi embora. 

        O chão mais uma vez se abriu sob seus pés, e as lágrimas escorreram livremente mais uma vez, nunca entendera o que levara Duda a agir tão friamente diante de  sua dor.    
                                                          

                                                                          ****
         Quatro anos se passaram desde o ocorrido, porém a dor que ainda grita no peito de Mel, é como se tivesse acabado de saber da partida tão repentina de seu adorado Rob.  Como se não bastasse 02 dias depois da tragédia, era exatamente  o aniversário do outro irmão. Oh Deus! Como comemorar? Parecia indigno impossível até, e durante esses quatro anos, no aniversário de Ricardo não tem festa,  na verdade não se sabe o que se passa na cabeça dele, pois este fato ninguém comenta. Coitado, sei que também sofre como toda a família... E em seu aniversário ninguém consegue olhar para ele e dizer feliz aniversário...

        Mel, nunca mais foi a mesma, se deixou esmagar pela dor, cobrindo-se do negrume do luto por muito, muito tempo. E chorava todos os dias,  sua alma perdida em meio a falta e o vazio deixados pelo amor de seu irmão, e ver a dor dos pais, que não podiam disfarçar sua dor, Mel foi se deixando aprisionar em uma depressão profunda e perigosa.

       
        O desejo de morrer passara a ser companheiro constante, levando-a ao fundo do poço.  A dor já não doía tanto, não por ser amenizada pelo tempo, mas por ela ter se acostumado a senti-la como parte de si mesma.  A dor da perda dilacera seu peito todos os dias impiedosamente.  O pior é que esta dor vem sendo sentida silenciosamente por cada um, este assunto é tabu em casa.
                                                              ****

       Quatro anos de ausência de uma presença, que é constante em suas lembranças... 
Mel se sentiu incapaz de fazer muitas coisas, entre elas ser feliz. Deixou até mesmo de sorrir, como se seu sorriso ferisse a ausência do irmão.

       E somente Deus que tudo sabe, tem mantido Mel de pé, mesmo não sendo capaz ainda de se permitir viver, ainda que a dor jamais a deixe, já não chora tanto quanto antes, embora saiba que a dor nunca vai cessar... Que vai doer para sempre... Ainda lhe resta o desafio de olhar para o outro irmão, sorri e dizer - Feliz aniversário.



Rob, onde você estiver, meu amor estará pra sempre contigo. Saudades eternas, MEL.

Esta é uma música que marca muito.


Leia a Resenha de M arcas Indeléveis AQUI

Beijos!




8 comentários:

  1. Olá, adorei o seu conto. Gosto muito
    de ler, fico só imaginado. Muito bom

    bjs

    Love Books

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  2. OI amei o conto!
    Parabens!
    Bjs,comenta e segue por favor (se ja segue ignore), ajudaria bastante!
    http://resenhasteen.blogspot.com.br/2013/07/belo-desastre.html

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  3. Muito bom,Fê!

    Parabéns!
    Gostei muito de ler!

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  4. Fê isso é um conto mesmo??
    Parece até que realmente aconteceu com vc, dá para sentir a dor, ou sou eu que to muito sensivel hoje.. vai saber!
    Eu gostei, mas fiquei borocoxo rsrs. Para mim é muito difícil falar sobre perda.
    Bjs

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    Respostas
    1. Não, não é um conto, pois foi escrito com toda a verdade da minha vida.
      Triste e tem muita dor também.


      Beijos!

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