Entrevistando Leonardo Barros
Olá! Leitores a entrevista de hoje é como nosso parceiro Leonardo Barros.
Leonardo, primeiro desejo agradecer por confiar no Blog
Amor Literário para a divulgação de suas obras. ^^
Fê: Quando
surgiu seu interesse pelos romances policiais e suspenses recheados de sexualidade
e loucura?
Leonardo: Difícil dizer. Sempre
gostei de histórias com suspense. Não obrigatoriamente o suspense policial, mas
todo tipo de história que instigue o leitor ou espectador a criar hipóteses e
tentar antecipar o desfecho da trama. Quando era criança, eu lia, escondido do
meu pai, os livros do Nelson Rodrigues e via, na sordidez daquelas histórias,
algo inusitado e fascinante. Demora até que um escritor escute sua “voz
narrativa”, sabe? Mas depois que isso acontece, é fantástico! Percebi que não era capaz de criar personagens maniqueístas (mocinhos perfeitos e
vilões sem charme ou qualidades), mas personagens humanos, heróis com fraquezas
ou com instintos reprováveis, e vilões com certo charme. Nessa narrativa de
suspense, que brinca de mostrar e esconder, os personagens vivem suas vidas de
ficção, com seus desejos e necessidades. Alguns deles não sabem se conter, por
isso cometem seus crimes. A fantasia também é um elemento comum em todos os
meus livros, em diferentes medidas, claro. E assim, com crimes, desejos e
fantasias, eu crio minhas histórias.
Fê: Em Presságio e O Maníaco do Circo, você faz muitas referências a nossa
sociedade, principalmente aos jovens que usam e abusam das drogas. Você o faz
como uma crítica à sociedade ou até mesmo como uma tentativa de abrir os olhos
de seus leitores?
Leonardo: Escrevo livros para
divertir, para levar os leitores por uma viagem na qual a imersão seja a maior
possível. Para narrar histórias com elementos fantásticos é necessária uma dose
extra de realidade, em pontos específicos, como na definição do caráter dos
personagens ou de algumas situações cotidianas, que levam o leitor a crer que
aquela fantasia tem “um quê” de real. Por isso incluo uma dose de humanidade, seja
com sexo, uso de drogas ou qualquer outro elemento que achar conveniente e que
“mova a história para frente”. O fato de ser médico e de conhecer os efeitos da
maioria dos medicamentos, também me induz um pouco a incluir personagens
doentes ou drogados em minhas histórias. Mas não há nada como “moral da
história” introduzida intencionalmente. Se há críticas sociais nas entrelinhas
de uma história ou outra, eu o fiz de forma intuitiva, não propositada. Talvez
isso dê à crítica um pouco mais de valor. O que você acha?
Fê: O
Renato de O Maníaco do Circo
teve uma infância turbulenta, você acredita que isso o influenciou em suas
loucuras ou sua crença em Ogum ajudou um pouco?
Leonardo: Renato, de O Maníaco do Circo, é um serial killer missionário, um assassino
que vê na morte ritualística de suas vítimas um tipo de compensação de ordem espiritual.
A infância de Renato, assim como a infância da maioria dos “agressores
seriais”, é marcada por violência. Quando a mãe do garoto troca as medicações
para controle da asma, prescritas pelo pneumologista, isso acaba agravando os
efeitos colaterais da teofilina e causando, em Renato, alucinações recorrentes.
As fantasias e sonhos de criança dão lugar aos mitos do candomblé e às
alucinações da meta-anfetamina, na vida adulta. A doença mental do personagem,
assim como de qualquer psicótico, tem seu componente genético e seus fatores
agravantes. Uma causa multifatorial.
Fê: Já
li Presságio e O Maníaco do Circo, em ambos os livros você relaciona o abuso
de drogas, o erotismo com uma pitada de selvageria e muito sangue no dia a dia
de seus personagens. Por que você optou por fazer esta junção?
Leonardo: Como já citei
anteriormente, minha “voz narrativa” é o thriller,
com elementos secundários que variam (sensualidade, fantasia, misticismo...).
Personagens loucos são magníficos e dão um colorido a qualquer história. Seja
qual for o gênero.
Fê:
Quais são os sentimentos que sua escrita aflora em você? Você fica algum tempo
com a sensação de maluco por escrever um suspense recheado de psicopatas?
Leonardo: Interessante você
comentar isso, porque, ao escrever O
Maníaco do Circo, eu passei por um momento tenso. Não dormia bem, pensando
na história, e tentava ver o mundo sob o prisma de um serial killer. Algo como “e se eu matasse esse cara que furou a
fila, o que eu sentiria?”. Isso me assustou um pouco, sabe? Mas foi bom, porque
me obrigou a intensificar o trabalho e acabar o livro o mais rápido possível. O
resultado foi um livro extremamente forte, até brutal, eu diria. Hoje, trabalho
mais tempo nos resumos, antes de começar a escrever. Planejo um pouco mais,
antes de mergulhar na elaboração do texto. Isso reduz o tempo de imersão e
torna a sobrecarga emocional menos intensa para
mim. Acho que a emoção é como um tempero: tem que se usar a dose certa. O Maníaco é um livro único, e tenho
planos de relançá-lo no futuro, com uma grande editora.
Fê: Por
que você utiliza a numeração “69” nas visões de Alice, personagem do livro
Presságio? É alguma referência ao erotismo?
Leonardo: Claro que sim. A
ideia era criar fatos que levassem Alice e seu psiquiatra a pensarem que as
visões durante o orgasmo fossem oriundas de uma fixação genital. O número sessenta e nove, que remete ao sexo oral,
reforça essa ideia. Pelo jeito funcionou.
Fê: Lendo O Maníaco do Circo, lembro-me que, apesar do erotismo e das drogas,
fiquei imaginando porque os seus personagens são construídos com mentes
distorcidas e horripilantes, dispostos a tudo por simples e puro prazer carnal.
Porque personagens tão diabólicos (digamos assim)?
Leonardo: Espera. Primeiro
deixe-me fazer uma pequena ressalva: nem todos os meus personagens são
sórdidos, malignos ou pervertidos. No livro O
Maníaco do Circo, especificamente, há alguns personagens pervertidos ou
ruins, porque, apesar de ser um livro narrado em terceira pessoa, o narrador se
mantém, na maior parte do tempo, próximo ao protagonista, que é um psicopata. Pareceu
natural para mim que um psicopata tivesse, como amigos, uma patricinha viciada
em meta-anfetamina e um cafetão andrógino, ou mesmo ter como guia espiritual
uma mãe-de-santo. Quando planejei o resumo de O Maníaco do Circo, queria dar ênfase na gênese da loucura. Não
queria apenas “mais um livro de serial
killer”, mas um suspense policial em que o protagonista fosse um personagem
fascinante, e que o leitor, no final, levasse a mão ao peito e dissesse, para
si mesmo: “não concordo com o que ele fez, mas entendo seus motivos”.
Fê: A Soraya Abuchaim colunista
do Amor Literário quer saber: Quando você soube que queria ser escritor? E como começou o seu processo de escrita?
Leonardo: Ser escritor é um
trabalho, uma profissão, mas ser um contador de histórias é um instinto. Você
nasce ou não para ser ficcionista. Desde
criança, era fascinado por contar histórias. Sonhava em ser ator, dublador ou
diretor de cinema. Ou, quem sabe, tudo isso. Mas acabei cursando medicina, o
que me obrigou a deixar meus projetos artísticos de lado. Em 2007, resolvi
seguir o conselho dos amigos que sempre me sugeriam pôs minhas ideias no papel.
“Você é uma figura”, eles diziam. “Criativo demais! Devia escrever um livro”. Ouvi
aquilo tantas vezes que acabei ficando curioso. Experimentei e me apaixonei
pelo processo. Escolhi algumas fofocas de bar, histórias interessantes que
aconteceram com amigos, e romantizei as histórias, dando a todas forte tônica
de erotismo. Ao final percebi que apenas 20% de tudo aquilo era verdade, todo o
resto era ficção. O Amor de Yoni foi
uma publicação independente e regional, mas a resposta dos leitores foi tão
positiva que me convenceu a continuar escrevendo. Nesse momento resolvi estudar
e me profissionalizar. No segundo livro já se via uma estrutura de romance mais característica. Seis anos se passaram,
cinco livros foram lançados, um original está pronto, prestes a ser editado e o
sétimo trabalho está “no forno” (com mais de duzentas páginas já escritas).
Fê: A Carol Guimarães do Blog Fome e Vontade de Ler quer saber sobre
suas futuras obras e o que o leitor pode esperar delas?
Leonardo: Ih! Agora você tocou
num assunto delicado. Estou louco para falar do próximo livro, mas não posso contar
muito, pois ainda não tenho previsão de lançamento. Só posso adiantar que é um
suspense, com a mesma narrativa tipo thriller
características de O Maníaco do Circo e
do Presságio. A história é ambientada
em outro país e em um tempo remoto. E a tônica fantástica, já presente dos
livros anteriores, ganha força total! A nova obra também é mais longa que as
anteriores. Bem mais longa...
Ficaram curiosos? Logo teremos mais notícias.
Gostaria de agradecer à Fernanda Bizerra, por mais uma
oportunidade de divulgar minha obra. Convido os leitores do Amor Literário a conhecer o livro Presságio – O assassinato da Freira Nua,
que, devido ao Natal, está num promoção imperdível no site da Livraria Saraiva.
Apenas R$ 9,90. Confira: http://migre.me/gTJu8
A todos um forte abraço e um feliz Natal!
Não conhecia o autor
ResponderExcluirMas a entrevista chamou bastante atenção e ajudou a saber mais
Parabéns
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com
Gosto muito do gênero suspense/policial e não conhecia os títulos. Vou anotar e conferir depois.
ResponderExcluirMuito legal você ter feito a entrevista.
;)
http://livrosyviagens.blogspot.com.br/
Aii o Léo não é um fofo!!! Adoro ele!
ResponderExcluirEu não li O Maníaco do circo!!!! Quero muito ler!
Amei a entrevista :)
Beijos
Meu Meio Devaneio
Oi Fê,
ResponderExcluirtudo bem?
Eu comprei esse livro, todo mundo estava fazendo ótimos comentários. Estou ansiosa para lê-lo.
Gostei de saber mais um pouco do autor, desejo sucesso a ele!!!!!!!!
Beijinhos.
Cila- leitora voraz
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Olá Fê!
ResponderExcluirAh, adorei a entrevista! Me deixou morrendo de vontade de ler o livro, rs.
Parece ser um grande autor! Parabéns :)
Beijos,
Ana M.
http://addictiononbooks.blogspot.com.br/
Oi!
ResponderExcluirAdorei a entrevista!!! Amei o livro Presagio! Estou planejando para o ano q vem algumas entrevistas tbm!
Bjs, http://resenhasteen.blogspot.com.br/2013/12/herdeiro-da-nevoa.html
Opa...bem legal a entrevista. O autor é super simpático e também parceiro do meu blog. Bom ver a opinião de vários autores do nosso país.
ResponderExcluirTe desejo um Feliz Natal e ótimo Ano Novo
Beijos
Paloma Viricio- Monólogo de Julieta.
Lindona, te indiquei lá: http://www.meumeiodevaneio.com.br/desafio-de-ferias/
ResponderExcluirBeijos