Por trás do Cavalheiro Carrancudo (Vincent) - Cores de Outono - Keila Gon

10:00 Fernanda Bizerra 14 Comments


Em uma conversa com a querida amiga Fernanda, surgiu a ideia de falar um pouco mais sobre Vincent ( ou cavalheiro carrancudo para os íntimos kkkk) da criação do personagem, seu temperamento ímpar, seu tipo envolvente de Bad Boy e ... claro, seu desfecho na saga.

Sim, Vincent é especial. Sua criação foi planejada no coração, e forjada na pura emoção. Eu adoro a literatura romântica, cresci com os príncipes da Disney e seus atos heroicos para salvar as mocinhas... Mas depois da adolescência, percebi que os príncipes estão escassos kkkk. Sim, eles existem, mas em nossa realidade é mais fácil encontrá-los escondidos atrás de um coração duro de BAD BOY. Nossos príncipes têm medos, inseguranças, às vezes, muito maiores que as nossas. E somando a carga de fantasia absorvida com o passar dos anos, as experiências da vida real e muita observação, conclui que “este” príncipe (da realidade ou mesmo na fantasia) nunca seria perfeito. ( Acho que a maioria concorda comigo kkkk). Então, o mocinho da minha história também não seria.


Meu gosto literário influenciou muito sua construção, Vincent é o meu olhar, minha interpretação dos heróis e “quase heróis” dos romances que li, e claro, dos personagens dos filmes e desenhos. (sim, muitos desenhos... se vocês não sabem, sou viciada em desenhos de longa metragem da Disney) O principal é um que me marcou desde a infância... A Fera, de a Bela e a Fera.

Entretanto, como disse, Cores foi 90% inspiração do que vi e vivi e a formação do personagem (Vincent) partiu diretamente disso.

Sou descendente de Italianos com origem na Áustria, também tive contato com alemães e holandeses na família... a cultura deles, a forma de agir e seu temperamento deixaram marcas curiosas. Ao escrever Cores, não queria limitar fronteiras, havia muito à ser explorado, muito do que vi e vivi com meus parentes e amigos, portanto, quis escolher uma nacionalidade europeia para o personagem chave da história.

Depois de passar um tempo na Holanda e proximidades, cheguei à conclusão que o Vincent deveria ser alemão. Sempre admirei a cultura alemã, na verdade, seus costumes combinavam com o que eu imaginava. E, ao contrário do que vocês possam concluir, os alemães e holandeses são muito amistosos, mas culturalmente falando, tem uma personalidade direta... franca. E isso pode ser confundido ou mal interpretado para quem cresceu no lado sul do hemisfério. (Um ponto a mais para ser explorado kkkk.)

O nome de batismo do personagem foi inspirado na Fera, de A Bela e a Fera, um seriado da década de 80 (Oh Lord... kkkk... coisa antiga. Há um remake na TV a cabo, até a história é similar... enfim ) E decidi de vez quando conheci um pouco mais da vida atormentada do pintor Vincent Van Gogh. E como o pintor, entendi que o “meu” Vincent precisava ser um pouco mais complexo. Eu precisava ir além de costumes e educação... e na construção da trama, temos um garoto que cresceu com medo, um adolescente que o transformou sua insegurança em revolta e fez as piores escolhas para encobrir suas frustrações. Mas que também carrega a semente da dignidade, força, brio, respeito e amor que foi plantada em seu coração durante sua criação. Por isso a memória da mãe dele (Christine Dippel) tem papel importante ao longo da saga.

Com uma boa criação, repleta de valores e princípios, distorcida pelo medo, revolta e discriminação, nasce a personalidade bipolar do nosso cavalheiro carrancudo. A representação da força e da fraqueza em um único homem.

Depois de muita inspiração, nasceu o cara lindo (ah qual é, ele tem que ser lindo), o homem com tipo de homem (kkk as meninas vão me entender kkkk). De olhar intenso e determinado. O mago talentoso (bom, não falei da ficção até agora... mas sempre que imaginei esse mundo fantástico, soube que ele teria poder... magia... vários tipos de magia), o homem intimidador e muito fechado... com cara de mau. Que criou uma máscara arrogante para esconder suas inseguranças e seu tormento. Mas que por dentro esconde um gatinho manso, confuso, medroso e muito complicado. Pensando assim, descrevi muitos homens. (kkkkk)

A voz veio de um ator, Matthew Macfadyen, de quem também emprestei o porte físico... Vocês sabem que adoro Orgulho e Preconceito e o filme de 2005 é minha paixão!!! Bom, o ator faz o Mr. Darcy do filme (pausa para suspiro), e claro, o livro também foi base para Cores. Reverências gloriosas à mestra Janne Austen.

E a pitada de mau humor... isso acho que é meu (lado negro... sabe? Aquele lado obscuro de tolerância zero que as vezes quer jogar alguém na parede kkkkk)

Vincent também teve uma apitada de pessoas reais que passaram por minha vida, como a maioria dos personagens de Cores. E isso vale tanto para seu lado carrancudo e egoísta, como para o lado romântico e surpreendente. ( Mas colocando na balança, pois é... ele é 80% ficção. Principalmente por ser um mago kkkkk.)


Pausa para esclarecer alguns mitos...

*Já conhecia o Damon dos Livros - Diários de Vampiro, (que também serviu de base para meu Vincent), mas o da TV (Ian Somerhalder), conheci depois que a primeira versão de “Cores” já estava pronta e registrada. Sim, não baseei o Vincent em sua aparência ohhhh. Uso muito as fotos do Ian em quotes, porque ele é um dos únicos que se aproxima do personagem.

*E o meu gato, idem. (kkk) Ele foi adotado depois que o livro estava pronto. E chama Vincent porque é preto dos olhos turquesa... claro.

* Sim, os olhos azuis foram inspiração direta do meu marido... mas ele, definitivamente, não é o Vincent. Está mais para um Arthur misturado com Alex...isso porque, as vezes, acho que ele não é desse mundo kkkk.

Voltando...

A história de Cores é sobre encontrar a coragem para recomeçar. Sobre esperança. Acreditar que há algo bom esperando por nós, sempre. E que na maioria das vezes, as coisas surpreendentes acontecem quando não estamos esperando. Fala sobre a força do destino, quando coisas tristes acontecem por um motivo. Sobre diferenças, preconceito... injustiça. Sobre compreensão e amor. Não importa qual tipo de amor, ele é a força motora de nossas vidas.

O Vincent transita por todos estes tópicos. Ele teve a infância atormentada por sua herança, por ser quem ele é. Fez escolhas que trouxeram consequências, teve sua vida destruída ainda muito jovem e teve que contar com a ajuda de outros para se reerguer. Isso tudo deixou cicatrizes (literalmente). Para se defender, ele colocou seu medo e insegurança atrás de um escudo... força, intimidação e arrogância. Sabe aquele pensamento bem básico de defesa? Se eu sou maior, mais forte, ninguém pode me ferir. Pois é. Esse é nosso Vincent atormentado. Seu caminho na saga é lutar com seus medos, um a um. Deixar seu sentimento vencer o rancor. Acreditar que tem o direito de ser feliz. (Ai ai... Bom, eu escrevo romance, que fique bem claro kkkkk.)

Na continuação, Sombras da primavera, seu temperamento vai ser colocado à prova. Bom, a Melissa é perita em fazer isso, mas boa parte da mudança vai acontecer pela necessidade de uma decisão. Ele não vai deixar as características de sua personalidade de lado... ele ainda vai ser o “Cavalheiro Carrancudo”, mas vai ter que escolher entre viver com seus medos, ou enfrenta-los. E isso vai render muitas reviravoltas na história. Em Sombras, Vincent vai ser levado ao limite... e isso vai dar o ritmo do livro. (Bom, preciso parar por aqui, ou isso vai virar um BIG spoiler kkkkk).

Pra terminar nosso momento Vincent, vou deixar um trecho de Sombas da primavera, um dos meus preferidos... Principalmente porque é narrado por Vincent, um déjà vu do capítulo final que explica parte do tormento do personagem... Preparados? Lá vai...


Para os curiosos segue um pedacinho de Sombras da Primavera. 

Caítulo 4

Déjà vu - Vincent Dippel


Assisti Melissa descer os degraus da grande escada do vitral e precisei conter minha respiração. Estava irado com sua teimosia... mas não pude deixar de contemplar a bela visão. Aquela garota tinha o poder de transformar minhas emoções e antes que pudesse levantar meu escudo, lá estava a tempestade, envolvendo meu peito em uma confusão atordoante. Mas este não era o momento de me deixar levar por seus encantos atordoantes. Não com a expressão transtornada em seu rosto... Era minha responsabilidade cuidar de sua segurança e meu egoísmo era meu principal inimigo.
Venci bravamente o impulso de ir ao seu encontro enquanto sentimentos conflitantes ainda lutavam em meu peito. Melissa passou por mim sem olhar, seguida pela bola de fogo tagarela. Estava apressada, irritada... o que era belamente previsível. E irresistível. Com passos ruidosos, ela caminhou ao encontro de Aristela. Era como ter um péssimo déjà vu.
A cena conhecida pareceu se repetir diante de meus olhos, um segundo depois, havia voltado à noite da luta com Piro... há pouco mais de mês. E me dei conta do porque ela era recente em minha memória. Não me lembrava dela como a noite calamitosa banhada por fogo e sangue, mas, como a noite que deixei meu desejo vencer o bom senso.
Fechei os olhos por um breve momento e as lembranças voltaram ainda mais nítidas, mostrando cada detalhe do meu erro.
...
A cada movimento de Melissa no banco do carona, esforçava-me para manter os olhos na estrada. Ela parecia aflita e tudo que queria era confortá-la. Mas, todas as vezes que me aproximava algo ruim acontecia. E esse pensamento era meu maior aliado. Estava na hora de tomar a decisão certa.
Concentrei-me na luz dos faróis, agarrando-me ao que restava da minha determinação... Mal parei a BMW em frente à pequena casa amarela e George veio ao nosso encontro. Adiantando-se até a porta traseira da SUV, tomou a menina maga nos braços. Antes que eu fechasse minha porta, Melissa estava ao lado dele. Abaixei os olhos, prendendo minhas mãos em punho junto ao corpo, controlando o impulso de acompanhá-la.
- Vocês demoraram - George reclamou. Mas, ao avaliar Melissa, sua expressão aborrecida se tornou branda - Ah! - exclamou. Eu tinha razão, a aparência dela era nosso melhor álibi. - Tudo bem... O importante é que essa confusão acabou e Alice está em casa.
Melissa encontrou os olhos do avô e levantou os lábios no canto com uma expressão aliviada. Em seguida, esticou os olhos brilhantes para mim. Por um momento me perdi naqueles olhos calorosos e então, entendi... Ah não. Era isso? Ela realmente esperava a aprovação do avô? Depois de tudo que ela passou hoje? Essa garota era inacreditável!
George entrou no meu campo de visão e eu quase lhe agradeci por isso.
- Obrigado por trazer minhas meninas para casa.
As palavras agradecidas daquele homem trouxeram o peso do universo para minhas costas. Seus olhos demonstravam a importância que aquelas garotas tinham em sua vida... e ele nem imaginava que o real perigo ainda estava ao lado delas. Sustentei o olhar do homem e me esforcei para aceitar seu agradecimento, mesmo sem merecê-lo. Ele havia confiado em mim e não fui competente para manter minha palavra... mais uma vez. A revolta se uniu ao peso do universo, esmagando-me contra o chão.

Logo, os outros também estavam na rua. E seria impossível ignorar a expressão assombrada do casal roliço. Atrás deles, o irritante pegajoso me desafiou com o olhar. Aquele sujeito era mesmo petulante.
- Ela está bem? - perguntou a vizinha roliça, Lucila; recordei rapidamente, lembrando-me de nossa conversa ao telefone. Ela me espiou desconfiada e, prontamente, desviei de seu olhar. Não precisava me aborrecer... mais.
Melissa sorriu para sua preocupação e tentou tranquilizá-la.
- Nenhum arranhão. Ela só está cansada.
A menina maga confirmou com um sorriso e pareceu reconhecer o irritante pegajoso.
- Afinal de contas, onde essa mocinha foi parar? - o pegajoso perguntou, chegando mais perto delas. Mais do que minha paciência permitia. Eu me segurei no lugar.
Sua pergunta atraiu a atenção de todos. Em segundos, olhares curiosos pararam em Melissa. Claro... Além de irritante, o infeliz era inconveniente. O perfil apavorado de Melissa não deixava dúvidas, ela não conseguiria mentir para eles. Mas havia outra saída e, sem pestanejar, interferi.
- Ela estava nos bosques da montanha - falei seriamente, de forma sucinta e decidida.
Melissa lutou com um sorriso cordial, ela não concordava com meus meios, mas como previsto, seu silêncio confirmo o que eu já sabia, não havia alternativas. A omissão era a forma mais diplomática de resolver isso.
Não houve questionamentos, claro. E essa era uma das vantagens de saber como se impor.
Lancei alguns olhares frios para o júri curioso e o julgamento acabou... Os vizinhos, “irritantemente prestativos”, finalmente entenderam o cansaço no rosto das garotas... na verdade, pela oscilação crescente da carga energética da menina maga, ela já estava dormindo. Observei a troca de despedidas, que me excluíam evidentemente, e estava agradecido por isso. Palavras polidas estavam longe do meu vocabulário no momento. O que mais desejava era acabar logo com a socialização para me concentrar nos argumentos... que afastariam de vez o perigo da vida de Melissa.
Para finalizar a tortura que se tornou essa noite, o irritante pegajoso puxou Melissa para um abraço... na minha frente. Rangi os dentes para a provocação. Com um impulso imediato me desloquei para frente, iria arremessá-lo para a próxima galáxia! Mas ele rapidamente, ou sabiamente, se afastou. Mas o que eu estava fazendo? Apertei as mãos junto ao corpo, controlando o calor em meu peito, afirmando a mim mesmo que ele era parte da antiga vida dela. Ou melhor, ele era parte da vida dela. Mais um ranger de dentes. Dividi-la com eles era algo fora do meu controle.
Balancei a cabeça, lutando comigo mesmo, minha inércia incomodava como uma adaga envenenada no peito. E seu veneno era o mais mortal, dentre tantos outros que me corroíam por dentro... arrependimento. E, julgando a soma de decisões erradas que eu tomava dia a pós dia, com certeza a mais estúpida foi usar meu inútil autocontrole na luta com Piro. Dei um passo para trás, eu era o culpado por essa noite desastrosa.
Uma onda de poder correu meu corpo, aquecendo meu sangue de maneira raivosa, e vê-la ao lado daquele homem, cheio de virtudes perfeitamente normais, não estava ajudando. Senti o formigamento de calor tentando escapar de minhas mãos... Imaginando que o pegajoso seria o alvo perfeito! Mas respirei fundo, e fechando minhas mãos, contive a onda de poder. Não iria descarregar minha ira aqui, não com tantos normais ao redor. Sabia que jamais seria perdoado se machucasse alguém que Melissa amava. E era óbvio que ela o amava. Meus olhos arderam com o calor violeta e com muito esforço direcionei minha energia para formar meu escudo. Não poderia deixar minhas emoções controlarem meu corpo.
Enquanto os outros se afastavam pela rua, George entrou na pequena casa amarela levando a menina maga. Melissa esboçou um breve sorriso que foi roubado rapidamente por alguma preocupação e se aproximou, os olhos baixos completavam o rosto abatido... Mas depois do dia de hoje, não poderia ser diferente. “Cuide das pessoas que você ama sinceramente... quando a vida separar seus caminhos, não haverá arrependimentos.” As palavras de meu pai soaram claras em minha mente. O que eu estava fazendo a esta garota?
─ Primeiro, cuide de sua família, vou esperar aqui - informei.
Ela hesitou, mas assentiu.
Observei Melissa caminhar para sua pequena família... de volta à sua vida. Quando ela encostou a porta, algo roubou meu ar, sufocando-me. Levei as mãos aos cabelos com um gesto desesperado, inspirando ansiosamente o ar da noite, desejando que a escuridão alimentasse meu coração com a coragem que não possuía.
Eu a amava, com minha alma. E cuidar dela era a coisa mais importante da minha vida. Então... Porque não suportava a ideia de deixá-la ir? Soltei o ar violentamente, minha coragem não estava na noite, estava em meu coração! E se ele batia hoje, esperando por um novo dia, era por causa dela. Eu devia minha vida a ela. Agora, seu bem estar, sua integridade, eram minha responsabilidade. E só havia uma forma de protegê-la, afastando-a do meu mundo. Do meu egoísmo. De mim mesmo. Meus músculos tremerem sem meu comando, pulsando em resposta a minha raiva... precisava dominar minhas vontades, meu capricho. Não poderia tê-la só para mim. Se desejava que tivesse o melhor, teria que encarar a verdade, “eu” não era esse melhor.
Abri a porta do carona e dei a volta na BMW para me esconder atrás do volante. Espiei a pequena casa amarela... Eles, sua família, também precisavam dela. De sua coragem, perseverança, da bondade de sua alma. Melissa era como um alicerce e não se dava conta disso. De como poderia ser prejudicial para George, Alice, e a ela mesma se continuasse ao meu lado. Balancei a cabeça, surpreso comigo mesmo. Mais uma vez, estava pensando em outros além de mim. E se isso não fosse cruelmente irônico, poderia sorrir.
Perdido na tempestade em meu peito; não percebi a aproximação de Melissa. Ela entrou no carro e bateu a porta sonoramente para chamar minha atenção. Mas a culpa não permitia que eu olhasse para ela. Permaneci em silêncio, fitando a noite escura, procurando uma maneira de fazê-la entender os perigos deste lado sombrio. Estava lutando para fazer o certo e sabia muito bem que toda minha determinação iria se dissolver ao encontrar o dourado de seus olhos. Líquidos... quentes... ternos...
- Isso não é justo! - ela exasperou, esfarelando minha concentração. Imprudentemente, encontrei seus olhos. - Por que você está agindo assim? Fale alguma coisa... Você está bravo, magoado, arrependido? Só quero saber o que está acontecendo. Por que você tem que ser tão difícil?
Ah, sua doce ira... Ela nem podia imaginar como ficava atraente quando estava irritada. Controlando o desejo de tocá-la, tentei ser sincero.
- Sei que meu humor não a agrada, mas depois do que aconteceu hoje não consigo evitar.
- Tente. ─ exigiu. Seu gênio, como sempre, era meu melhor aliado.
- Eu não tenho motivos para agir de outra forma, Melissa - falei seriamente, desviando o olhar para a noite escura. - Estou irado comigo por pedir a você que se envolvesse com tudo isso e com você por encarar o desastre com tanta naturalidade a ponto de negligenciar as consequências em se envolver comigo - isso era o máximo da sinceridade que podia lhe oferecer.
Ela soltou o ar sonoramente e tocou meu queixo, levando meu rosto ao encontro do seu. Seu toque agitava meu corpo, me fazia querer tocá-la também... E me esforcei muito para permanecer em meu assento. Encontrei seu olhar suplicante e meu coração acelerou. Ela nunca facilitaria as coisas para mim? A luta interna ativou o calor violeta que começou a girar por meu corpo, o poder se acumulava em meus braços, tencionando os músculos... dolorosamente.
- O que preciso fazer para você esquecer essa noite? Acabou Vincent! Nós estamos bem, Alice está em casa... E o que aconteceu com Piro foi escolha dele, não podemos fazer nada sobre isso - falou docemente, a voz firme.
Em outro momento isso era tudo que desejava ouvir. Mas estava determinado a não me render ao egoísmo e voltei meus olhos para a noite, fugindo de seu rosto questionador. Neste momento, soube que estava arriscando tudo. Seu limite estava próximo e mais uma vez, seu gênio seria meu aliado.
Um segundo foi suficiente, Melissa inspirou profundamente e cuspiu as palavras sem pausa.
- Você sabe o que penso Vincent. Mas, se mudou de ideia sobre o que aconteceu entre nós, não vou insistir. Só espero que esse contratempo não atrapalhe o aprendizado de Alice.
Seu discurso dolorido colocava um fim ao meu tormento. Ela nem podia imaginar o quanto estava errada... mas esta era sua chance. Melissa estava irada o suficiente para tomar a decisão por si mesma e, em pouco tempo, perceberia como isso foi uma aventura arriscada. Tudo se encaixava, ela me colocaria para fora de sua vida e, finalmente, estaria segura. Tudo não passaria de um... Contratempo.
A palavra perfurou meu peito com a força de vinte punhais. E outro segundo foi o tempo necessário para eu perceber o quanto essa ideia fora estúpida!
Girei o rosto rapidamente para o banco do carona, mas a porta já estalava sonoramente. Melissa estava a poucos passos da casa amarela e minha reação foi imediata, fechei os olhos, deixando o calor violeta me consumir enquanto invocava o poder das sombras. Mentalizei a distância até seu quarto e senti meu corpo mergulhar na escuridão, conduzido pelo vazio até o destino estipulado. Emergi rapidamente, mirando a porta fechada mergulhada no breu, mas ela não se abriu. O tempo passou e percebi que Melissa havia se ocupado no andar de baixo. Talvez tomando banho... Idiota. Eu era um completo idiota! Essa era a coisa errada a fazer. Deveria deixá-la ir. E a breve ideia de viver sem ela tornou-se inconcebível. Um absurdo doloroso que espremia meus ossos de forma angustiante, tomando meu corpo em uma agonia sem fim. Eu não podia deixá-la ir. Nunca a deixaria ir.
(...)

P.s: é claro que o capítulo continua, mas afinal eu sou má...kkkk e esse trecho serviu para dar um gostinho. Espero que tenham gostado! 




BEIJOS.
Keila Gon

14 comentários:

  1. Esse livro parece ser muito bom! (e acabei de descobrir que tem continuação xD) Quero ler com certeza, e acho que já sou fã do Vincent kkkkkk

    Beijo :*
    www.tainahrodrigues.com
    fantasiandocomoslivros.blogspot.com.br

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  2. Esse livro parece ser show, principalmente por que é romance!! S2
    Ótimo post Fernanda!! Quero depois do meu livro!! kkkk

    Abraços
    Tony Ferr
    http://dicassliterarias.blogspot.com.br/

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  3. Ai um romance <3
    Eu sou apaixonadinha por romances *-*
    Parece ser muito legal!
    Amei o post ^^

    Beijoos
    http://btocadoslivrom.blogspot.com.br/

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  4. Nossa, ainda nem li o livro e já me apaixonei pelo Vincent.
    Sabendo ainda onde foi a inspiração, acho que quero conhecer meu próximo queridinho literário.
    Adoro homens bravos e carrancudos, e o famoso personagem de Jane Austen é o maior exemplo de perfeição para mim.
    Amei o post!
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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  5. A gente suspira lendo o livro, vendo Vicent pela visão da Keila, apaixona de vez... Esse livro me trouxe uma coisa mto boa qdo o li, tem mto do lugar qeu cresci, de coisas que gosto e que queria que fosse real... suspirosssssssssssssssssss. Adorei a matéria Fer. Keila; colocar trecho de Sombras é torturar, kkkkkkkkkkkkkk
    bjoks
    Eykler

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  6. Amei Fernanda!!!!!!!!!
    Vincent é um dos queridos, ta bom, ele "é " meu querido kkkkk e foi muito bom dividí-lo aqui : ) Beijos especiais amiga! Obrigada pelo carinho e apoio!
    Keila Gon

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  7. Ai que tudo! Amei!
    E o cap na visão do Vincent <3 Ai meu coração mortal!

    Beijos, Mari Scotti

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  8. Adorei! È muito bom conversar de perto com uma autora ou autor e saber mais sobre determinado trabalho ou personagem, né? Muitoo bom mesmo.
    Beijos!
    Paloma Viricio-Monólogo de Julieta.

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  9. Acho que irei me apaixonar por esse Vincent, viu?
    Adorei todas as inspirações da autora! Eu adoro a Fera, de A Bela e a Fera, é uma das minhas histórias favoritas (:
    O Vincent está cotado para ser um dos meus mocinhos favoritos!

    Beijos,
    Leitora Online

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  10. Nosssaa Jesus amado! :o :o é tanta informação que dá até para vê-lo aqui do meu lado lendo esse texto! kkkkkkkkk
    EU NÃO SEI POR QUE RAIOS EU AINDA TENTO VIM AQUI E LER AS POSTAGENS DESSE BLOG,ADMITO QUE SOU TIETE E SIM AMO ESSE CANTINHO!
    E essa postagem me fez ficar com agua na boca e sim dona FERNANDA eu quero ler esse livro e conhecer esse tal de Vicent ai porque ele vai me arrancar suspiros e muitos ensinamentos!
    Beijoss Beijoss ótimo texto Keila!!!!!
    http://fomevontadeler.blogspot.com.br/

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  11. Nossa! Fui completamente tragada pela história.
    Vincent é um personagem intenso, forte e que tem tudo para se tornar um dos favoritos da mulherada.
    Fiquei muito curiosa sobre o seu livro.
    E já percebi que é uma série.
    Parabéns pela sua escrita. Bjus
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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  12. Olá!
    Adorei o post!
    O que é esse Vincent? Meu Deus! Que personagem intenso, marcante...
    Quero muito ler o livro!
    Beijos

    Li
    literalizandosonhos.blogspot.com.br

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  13. Ah quero tanto ler o livro primeiro...
    Tenho muita vontade...eu vou ler logo com certeza.

    Tem promoção lá no blog
    beijos
    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  14. Não conhecia
    Mas depois de toda essa resenha, parece ser um livro realmente muito bom
    Amei a dica

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com

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