Bandido Bom é realmente Bandido Morto? por Antonio Henrique

00:00 Fernanda Bizerra 0 Comments


Olá Catarina´s (os)! 

Algumas semanas atrás li uma reportagem na Revista GALILEU, da Editora Globo que tem muito a ver com a situação política e criminal do nosso país. Em sua Capa, aparece uma representação de um rapaz negro com uma das mãos amarrada aos pés, morto.

À primeira vista sugere-se uma ação da Polícia. Não é. Apesar de, infelizmente, ainda existirem torturas em alguns porões do país, a reportagem expõe uma chaga que está se tornando maior a cada minuto que se passa. Uma chaga chamada LINCHAMENTO!

Didaticamente falando, o linchamento é fazer justiça com as próprias mãos. Algo que se está crescendo com uma violência estonteante. É um retrato triste de um país que caminha a passos lentos para se ter uma verdadeira Justiça, igualitária em contraste com o crescimento alucinante da criminalidade.

O crime no Brasil aumenta. Fato! A impunidade também. E é preciso combater com rigor essas duas atividades que caminham lado a lado, de mãos dadas. Leis penais precisar ser atualizadas urgentemente. Leis prisionais precisam ser mais seguras e mais rígidas na mesma proporção. Não me levem a mal, mas sempre defendi que se o criminoso não tolera lei, não deveria se beneficiar dela, que é exatamente o que acontece no nosso querido país.

Sou Policial Civil há 25 anos, e já vi muita coisa em meu trabalho como Escrivão de Polícia. Acompanho a evolução do crime, o crescimento da impunidade e a atuação da Lei. Muita gente diz que a Lei não é para todos. Infelizmente tenho a concordar com essa corrente. Em pleno século 21 ainda vão presos os três “P”s: pobre, preto e puta.

E se a Polícia tem esse conhecimento, o povo também. Sempre escuto cidadãos falando que realmente bandido bom é bandido morto. O povo não é besta, ele também enxerga as futilidades da Lei, a impunidade e assim começa a tomar as próprias medidas, que apesar de terem uma visão mais prática e “cheia de boa vontade” também não está isenta de erros.

Vivemos tempos de terror em nosso próprio quintal. A simples menção da palavra bandido faz com que o povo tome medidas, sem tentar entender o que aconteceu. Uma mera acusação pode terminar em tragédia. Não é raro um linchamento acabar acertando a pessoa errada. Apenas pelo fato de alguém ter dito ou ouvido que um determinado indivíduo possa ter praticado um crime hediondo. Pronto. É sinal de que se a Justiça não chega a ele, a Justiça popular vai chegar.


País que quer crescer como primeiro mundo tem que acabar com essas práticas. Leis precisam ser mudadas, atualizadas e ter mais rigor. O bandido só sente na pele que praticou um crime quando fica mais tempo na cadeia. Regime fechado.

Outra coisa que o povo está vendo é a ação dos Direitos Humanos. Que os presídios precisam melhorar, sim, concordo... também concordo que o preso precisa trabalhar para se sustentar. Muita gente não sabe, mas um preso custa caro ao Estado. Quando o criminoso sente o peso do Estado, a criminalidade diminui, exatamente o contrário do que está acontecendo. E sabemos que o pessoal dos Direitos Humanos se preocupam muito mais com os criminosos do que com as vítimas destes.

Bandido bom, não é o bandido morto, mas o bandido que volta à sociedade, depois de ter pago sua dívida criminal. E mesmo assim como se faz critérios para muitas coisas, tem que ter critérios para os criminosos que praticaram crimes hediondos. Não é qualquer um que tem que voltar à sociedade.

Exemplificando a reportagem da Galileu: João acabou de roubar a bolsa de uma senhora idosa, derrubando-a ao chão.  Na fuga, pessoas gritam PEGA LADRÃO! Roberto estava passando e, em um ato muitas vezes impensado, consegue derrubar João. A partir desse momento, muitas pessoas, entre elas Roberto, de posse de paus e pedras, resolvem praticar a própria justiça. A polícia chega, mas o rapaz foi morto. Roberto, igual a todos ali, também praticou um crime; e pior ainda que o que João praticou. Ele também deverá ser vítima da mesma ação que tirou a vida de João?

Vale a pena refletir sobre isso... devemos cobrar atitudes de quem é responsável pela segurança, saúde e educação, tanto nos estados quanto pelo país.




Antonio Henrique 
Autor e colunista.
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