A mensagem “não lida” nas histórias de grande sucesso - Fábio Abreu
É
notório ver em grandes best-sellers muitas referências que marcaram a vida de
seus autores. Em alguns se percebe isso tão claramente como uma biografia, fato
que, nem sempre tais referências, são exatamente biográficas, mas sim mensagens
que os seus respectivos criadores querem enviar a seus leitores e quem mais
suas criações alcançarem.
Hoje
falarei de uma das séries mais comentadas do momento e de alguns detalhes que
talvez tenham passado despercebidos pelo leitor que, entregue a excelente trama
que a leitura oferece, não se atentou. Na verdade, um em especial:
Os
três livros da autora (Jogos Vorazes – Em
Chamas – Esperança) são repletos de simbologias e citações. Algumas com
mais de um sentido, mas com temas atuais. Farei a seguir algumas citações:
As rebeliões dos distritos menos
valorizados – Não precisamos ir muito longe para
ver uma realidade que aflige nosso próprio país que Suzanne abordou de maneira
muito crítica em seus livros. Quando uma classe social, dita menor ou menos
importante, se vê acuada e sem caminhos para contornar certas situações só lhes
resta lutar. A autora mostra abertamente seu apoio a causas do tipo quando
exalta uma protagonista que se identifica com a necessidade de seu “povo”, sua
família e luta – a sua maneira - para mudar isso. Ok! Katniss está longe de ser
uma mártir, mas a mensagem passada pelo Tordo da esperança é essa.
Tendências – é
uma realidade que as maiores nações e grandes massas seguem tendências. Uma
leve crítica foi deixada pela autora nas passagens pela Capital ao decorrer da
história. Com forte destaque para a “futilidade” que é gerada por tal
comportamento. Seja em “modus vivendi”,
roupas ou cabelos.
Em
toda trilogia, com mais ênfase nos moradores da Capital, o cabelo bem arrumado
ou extremamente extravagante parece um status social. Exemplos disso na
história são os belos penteados de Effie Trinket e Caesar Flickerman. Seria algo que pode defini-los como pessoas na
sociedade em que vivem. E isso é fato, para algumas realidades que conhecemos.
Veremos
em especial o cabelo de Katniss. A famosa trança da valente protagonista pode
não aparentar nada além de uma maneira prática para prender seus cabelos, mas
olhando com certa atenção, notaremos traços de seu comportamento que podem
dizer algo mais sobre ela e seu suposto penteado.
Durante
a história ela sempre o mantém na trança. Quando se declarou voluntária para os
jogos, sua estadia na Capital incluiu tratamento de sua imagem, e alguns
penteados lhe foram feitos. Contudo, notem que ao entrar na arena, tudo que fez
foi voltar a usar a trança, ou seja, assumiu sua própria essência e não a
pessoa que eles quiseram mostrar com toda aquela “pompa”.
Vejamos
o que a história diz sobre isso:
Egito antigo
Todos têm em
mente a imagem de uma Cleópatra cheia de tranças. De fato, a rainha amava
separar suas madeixas com bijoux, fios de ouro, e até extensões. Reveladora de
status social, o penteado aparecia sempre de forma bem elaborada. Ter muitas
tranças era um sinal de riqueza.
Império
Romano
Durante esse
período, as mulheres tinham o hábito de usar o alto da cabeça cacheado, e
depois trançar os fios de forma arredondada, em pequenos grupos. Assim como no
Egito Antigo, a qualidade do penteado era um sinal também de status.
Celtas
A imagem que
mantemos dos celtas é aquela de loiros com cabelos longos com uma meia trança.
A classe média usava o penteado dessa forma graças à sua praticidade, enquanto
a classe alta usava tranças mais elaboradas e complicadas.
Idade-média
Na época
medieval, as tranças eram um grande clássico dos penteados, embora as mulheres
tivessem que usar toucas para esconder seus cabelos, sob pena de serem
consideradas bruxas. E por motivos de submissão.
Em certas civilizações antigas e algumas religiões o
cabelo era considerado uma parte íntima da mulher, assim deveriam mantê-lo
sempre trançado e sob proteção de tecidos, lenços ou toucas. Era um sinal
também de submissão, não só diante de maridos e pais, mas também da sociedade.
Com os passar dos anos muito dessa cultura machista e
retrograda sofreu uma morfose e assim, o que era considerado proibido, ou
errado, tornou-se um símbolo de força e impetuosidade feminina.
A trança da personagem Katniss no decorrer do segundo
livro inspirou as mulheres da Capital, e até mesmo a neta do famigerado
Presidente Snow se rendeu ao penteado. Este, a partir daquele momento, deixou
(na história) de ser apenas um penteado, para se tornar um símbolo de
força, independência e coragem.
Suzanne conseguiu, com extrema sutileza, deixar mais
um recado incutido em sua magnífica história. As aparências às vezes enganam e
jamais julgue um livro pela capa.
Para os fãs de JOGOS VORAZES, deixo um link para fazer
o teste criado pela Revista Veja.
É interessante saber até onde vai o seu conhecimento sobre esta incrível história.
Aqui: http://veja.abril.com.br/infograficos/jogos-vorazes/jogo-mapa/
Neste caso eu diria, nunca menospreze uma garota de trança. Ela pode acertar uma flechada (digo, um tapa! rs) em você!
Neste caso eu diria, nunca menospreze uma garota de trança. Ela pode acertar uma flechada (digo, um tapa! rs) em você!
Obrigado pela leitura e até a próxima!
Bem legal a postagem com essas notas explicativas, mas nunca li Jogos Vorazes e fiquei um pouco perdida... mas conheço uma pessoa que é super, hiper, mega fã dessa série e recomendarei a matéria para ela ler. Beijos!!
ResponderExcluirNossa, realmente eu não tinha notado isso. Jogos Vorazes é repleto de coisas que vão além dos clichês de romances juvenis e merece todo reconhecimento que está tendo
ResponderExcluirhttp://pequenamiia.blogspot.com.br/
Ótimo texto! Eu até tinha percebido algo relacionado a isso, mas (como sempre) achei que estava pensando demais. É bom saber que até mesmo os autores de fantasia retratam um pouco do mundo do que os cerca. Jogos Vorazes é demais!
ResponderExcluirAinda não li Jogos Vorazes (um dia leio ahushusahuas), mas não vou mentir: essa história das tranças e tal fez eu me sentir aqui quando lembrei que desde pequena já sabia fazer tranças em mim mesma haushsaasu Realmente, é algo interessante ;)
ResponderExcluirEu já tinha reconhecido essas e algumas outras mensagens passadas pela autora nesse livro, por isso acho o máximo esse livro e está entre os meus favoritos, além de ter uma história impressionante e original.
ResponderExcluirmemorias-de-leitura.blogspot.com
Amei o texto irmão,
ResponderExcluirTerminei a trilogia semana passada. Ainda estou com aquele sentimento de vazio, mesmo relendo a sétima torre
Fiquei impressionada com o texto Fábio,super bem escrito e mega interessante,realmente não tinha me atentado para nenhum desses detalhes....
ResponderExcluirJá li os 3 livros,mas me deu vontade de ler mais uma vez,agora com olhos mais atentos....
ADOREI!!!
Bjsss
Bianca
ApaixonadasporLivros
Foi isso que adorei em Jogos Vorazes desde a primeira vez que li. Peguei ele esperando mais um romancezinho juvenil e acabei me deparando com uma obra repleta de conteúdo e disposta a fazer uma corajosa crítica à sociedade atual. Panem é uma distopia, mas na verdade não passa de uma metáfora do mundo atual.
ResponderExcluirÓtimo texto Fábio, me lembrou a crítica do Omelete para o 1º filme da série (http://omelete.uol.com.br/jogos-vorazes-hunger-games/cinema/jogos-vorazes-critica/). É sempre bom ensinar as pessoas a ler mais profundamente e com senso crítico.
Eu adoro Jogos Vorazes... É realmente fascinante.
ResponderExcluirQuando puder, faça uma visita lá no blog, eu adoro receber novos amigos (as)! Abraços e aqui vai uma promoção para você participar! Meus sinceros votos de boas festas e felicidades!
http://ladomalucadeser.blogspot.com.br/2013/12/promocao-boas-festas.html#more
Ah, quantas curiosidades!
ResponderExcluirJá sabia da crítica à sociedade... Mas o resto... Não fazia ideia!
Adorei saber sobre a trança!
Beijos,
Ana M.
http://addictiononbooks.blogspot.com.br/
Oi,
ResponderExcluirmuito legal o post! Sou nem um pouco fã de Jogos Vorazes, odeio a protagonista, mas a autora realmente criou um universo interessante, que mesmo fictício, fala muito sobre o mundo real. E isso que mais gosto em distopias!
Bjs
Fábio, você é ótimo!!!!
ResponderExcluirAdorei a postagem, simplesmente!
Muita informação e reflexão!
Parabéns!
Beijos
Meu Meio Devaneio
Que legal! Não sabia a importância dos cabelos na historia. Adorei! Como sempre me surpreendendo, Fábio. Beijos e obrigada pelas informações. Vou assisti ao filme com outros olhos.
ResponderExcluirAdorei o post! Reparei em alguns desses itens durante minha leitura, realmente acho que THG merece toda a fama que tem, afinal vai muito além de uma história adolescente. Beijo!
ResponderExcluirhttp://booksmanybooks.blogspot.com.br/
Olá! Voltei aqui pq te indiquei para uma TAG lá no meu blog, não sei se vc já está participando, ou msmo se gosta disso, mas está lá, dê uma olhadinha:http://booksmanybooks.blogspot.com.br/2013/12/tag-11-coisas.html
ResponderExcluirBeijo, espero que goste, e se possível que participe!